quinta-feira, 7 de abril de 2011

Eram três

Eram três amigos. 
Eram três amigos inseparáveis. 
Ficaram unidos desde a primeira vez que se viram (gostavam de se pabular disso). 
Eram carne e unha desde as primeiras brincadeiras de bila, bola e arraia. Moravam em ruas separadas, mas não distantes. Nunca houve briga, mancha alguma que os separasse. 
Cresceram juntos, apaixonaram-se pelas quase mesmas meninas. Dois torciam pelo São Vicente e o outro pelo Unidos do Petróleo. 
Cresceram, irremediavelmente. 
Um ficou pelo ginásio e ajudava o pai na bodega. Outro foi para o seminário em Sobral. E o terceiro perambulou de festa em festa. 
Fatalmente um deles seria próspero comerciante. Outro, dedicado padre. E o último, professor e poeta. 
Porém um deles suicidou-se por causa de um amor não correspondido. O outro foi assassinado ao separar uma briga de casais. E o derradeiro pulou da ponte da linha férrea e espatifou a coluna. 
Eram três amigos. 
Eram três. 
Eram.

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