"Michael Bisping e eu temos o mesmo dia de aniversário", brinca Jorge Rivera, nascido em 28 de fevereiro de 1972, no mesmo dia o seu adversário no UFC 127, Bisping, que veio ao mundo sete anos depois. "Um de nós vai ter um aniversário mais feliz que o outro".
Seria correto dizer que perto de fazer 39 anos de idade, Rivera parece estar indo bem nos dias que antecedem a maior luta de sua carreira neste fim de semana. Basta checar sua série de vídeos no youtube onde o 'El Conquistador' e sua equipe dispararam chacotas na direção de Bisping. Assista os videos
Mas, além das risadas e bons momentos que vêm depois, Rivera ainda é aquele lutador que quando calça as luvas e a porta do Octógono se fecha, ele é apenas um lutador. E ele não quer nada mais do que montar uma armadilha para Bisping na luta.
" Michael Bisping é um lutador de pontos", disse Rivera. "Eu nunca lhe daria uma chance pelo título pela maneira como ele luta agora, porque ele não é empolgante - está sempre vencendo por decisão. Ninguém quer ver um cara que está sempre indo para a decisão. E se é uma decisão, pelo menos quebre o cara. Ele não faz isso - ele corre".
São palavras que martelam a cabeça de Bisping até a luta, e mesmo que esteja de cabeça fria, sem responder, é óbvio que ele está se enfurecendo com o desrespeito, especialmente porque ele não considera Rivera no mesmo nível dele.
"Ele acha que está acima de mim e acho isso hilário", disse Rivera, que não está sorrindo mais. "Qualquer pessoa que luta nesse cage pode te espancar. Você vai lá pensando que pode pisar em mim ..."
Ele faz uma pausa antes de um comentário mais curto.
"Eu espero que ele esteja treinando duro porque eu estou".
Um veterano com quase uma década como profissional, Rivera nunca foi de medir suas palavras. Mas claro que isso não o impediu de participar de algumas guerras onde ele ou seu oponente teve a noite encerrada com um nocaute. De onde ele vem - Framingham, Massachusetts - seus punhos falam mais alto do que palavras.
Então, nas semanas que antecederam o que deveria ter sido seu combate mais recente, contra Alessio Sakara no UFC 122, na Alemanha em novembro passado, não houve provocações, apenas o respeito mútuo entre os dois médios que iam se enfrentar como inimigos por 15 minutos ou menos na noite de evento.
Mas não haveria luta, Sakara adoeceu no dia da luta e a luta foi cancelada.
"É realmente estranho, porque eu nunca vi algo assim acontecer", disse Rivera. "Quando me disseram, tudo que eu queria fazer era tirar um cochilo. Foi uma descarga de adrenalina enorme. Era tipo, 'o que eu vou fazer?' 'O que eu faço agora?' Saio pelos fundos, vou assistir as lutas?"
Rivera logo veio com alguma coisa para fazer.
"Eu sentei lá por alguns minutos, bebi um pouco, e comecei a falar m****. (Risos) Funcionou e aqui estamos nós".
A conversa naquele dia na Alemanha foi centrada em torno de uma pessoa - Michael Bisping. E, surpreendentemente, o levou até luta. É quase como se ele tivesse vencido Sakara e dado um grande passo - fazendo a co-luta principal do UFC 127 na Austrália.
"É estranho e é assim", disse ele. "Tenho o maior respeito pelo Alessio. Eu sei que ele queria lutar, mesmo estando doente. Mas foi uma vitória para mim. O UFC tomou conta de mim, e fui pago sem ter sequer um arranhão no rosto".
E ele esta diante do homem que queria enfrentar, o orgulho do MMA do Reino Unido e um dos maiores nomes no esporte. Se ganhar, Rivera terá quatro vitórias consecutivas e o mais improvável dos retornos vai acrescentar mais um capítulo. E não vamos medir as palavras, porque ninguém, tirando os parceiros de treinos de Rivera e sua família, achava que ele conseguira se reerguer depois das derrotas para Terry Martin e Martin Kampmann em 2007-08. Claro, entre as derrotas ele nocauteou Kendall Grove no primeiro round, mas seria seu ritmo - ganhar algumas, perder outras - mas nunca ter a consistência para avançar para o próximo nível. E quando sua filha Janessa faleceu tragicamente em 2008, foi o golpe esmagador e você não poderia imaginá-lo se recuperando.
Mas ele conseguiu. Lenta, mas seguramente, ele bateu Nissen Osterneck, então Rob Kimmons e, em seguida, Nate Quarry, parecendo mais impressionante a cada apresentação. Aos 38 anos, Rivera tinha finalmente chegado, teve a consistência ao seu lado, e agora ele tem uma chance de mostrar ao mundo o que pode oferecer no principal palco do esporte. Pergunte-lhe se ele alguma vez pensou que ele iria chegar aqui, e ele é honesto.
"Eu me lembro de entrar para enfrentar o Osterneck pensando, se eu perder, é isso. A mesma coisa na luta contra o Kimmons. Contra o Quarry eu tive um pouco mais de confiança e agora eu percebo que posso fazer isso. E eu estou animado".
E apesar de tudo que tem falado nas entrevistas, nos vídeos do youtube e quando teve a oportunidade de encarar Bisping na coletiva do UFC 127, Rivera sabe que tem uma luta esperando por ele no Acer Arena.
"É uma boa luta. Ele tem bom cardio, ele tem uma trocação decente, ele está trabalhando seu ground and pound. Ele lutou contra Dan Miller e Denis Kang, ambos são bons faixas-pretas e eles não foram capazes de finalizá-lo, então, no mínimo, ele pode evitar as tentativas de finalização. Ele também tem quedas decentes, eu não estou pensando que a luta será como um passeio no parque. Espero uma luta. E se ele lutar e não fugir, eu vou nocauteá-lo".
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