Confesso que esse filme nunca tinha me chamado a atenção e mesmo depois de vê-lo não senti muita densisdade nesse relato histórico sobre a ascensão de Elizabeth I, também conhecida como A Rainha Virgem.
Para começar, eu preciso dizer que é necessário um mínimo de conhecimento a respeito dos acontecimentos que dominavam a Inglaterra e a Europa naquele momento, que corresponde ao ano de 1554. O filme por si só não é capaz de transmitir tudo o que é preciso saber para compreender o porquê de tanto conflito. Abalada pela cisão religião, a Europa se encontrava em conflitos entre protestantes e católicos. Na Inglaterra, havia tanto uns como outros e, com o domínio de Mary, surgiu uma onda de "caça às bruxas", na qual os protestantes eram perseguidos impiedosamente a fim de "limpar" a Inglaterra. Sem herdeiro legítimo, a morte da Rainha Mary traria ao trono sua meia-irmã - filho do rei Henrique VIII com Ana Bolena -, Elizabeth, que era protestante. O que a Corte temia era que Elizabeth transformasse a Inglaterra numa nação protestante. Como instruções papais determinavam ser heresia quaisquer outras religiões que não a católica, o caos se instalou na Europa, fazendo com que nações se posicionassem contra outras nações, de religiões diferentes.
Óbvio que eu não poderia esperar muita História de um filme, afinal se o fizessem assim, provavelmente ele se tornaria bem maçante e comprido. Ficção foi necessário e omissões a eventos históricos também. Pelo menos, o filme focou-se naquela que foi uma das maiores preocupações dos momentos iniciais do reino elizabeteano: os confrontos religiosos. Outros eventos ainda são mostrados, mas não são bem esclarecidos, deixando o espectador em dúvida do porquê aquilo tem que ser daquele jeito. Um bom exemplo são as várias discussões sobre Elizabeth casar-se e gerar um herdeiro, para garantir o trono. Ainda que lógico, não fica bem explicado no filme o funcionamento disso e creio que fosse necessário maiores esclarecimentos a fim de que o filme atingisse também àqueles que não conhecem esse período da história inglesa. A ascensão da Igreja Anglicana também é mostrada de maneira muito sutil, sem a pompa que merecia. Depois de vermos conflitos religiosos o filme todo, o final apenas mostra Elizabeth intocável, sem esclarecer bem qual a decisão a respeito da religião.
As interpretações são boas, na minha opinião. Todos estão bem, mas não há nenhum grande momento para nenhum personagem. A indicação que Cate Blanchett recebeu certamente se deve às cenas em que ela ri, porque sua risada é o tempo todo muito espontânea. A princípio sutil, a Rainha vai se tornando mais forte - essa é a gradação da interpretação de Blanchett. No começo do filme, ela parece bem bonbinha, com olhares dispersos e imaginativos. Ao longo do filme, Cate deu o tom austero e decisivo à Elizabeth. Honestamente, não sei se eu a indicaria, mas, no máximo, haveria apenas uma indicação mesmo. Vale ressaltar que sua interpretação é mais intensa do que a de Gwyneth Paltrow, que acabou vencendo na categoria em que concorriam. Joseph Fiennes e Geoffrey Rush também estão presentes aqui, tal como estiveram em Shakespeare Apaixonado, e suas interpretações são comuns, sem grandes atrativos. O destaque vai mesmo para Blanchett.
As seis indicações que o filme recebeu não o sobrevalorizam. Mesmo que seja um pouco superficial quando ao roteiro, seus elementos técnicos são realmente impressionantes, como a direção de arte, os figurinos, a direção, fotografia, etc.
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